O ator, que brilhou em novelas como Xica da Silva, retornará à telinha em mais um papel de época, agora, numa das próximas tramas da Record, Escrava Mãe
Na década de 1990, Victor Wagner era um galã daqueles que levam a mulherada ao delírio. No auge da carreira, o artista gaúcho enlouquecia as fãs no papel do contratador João Fernandes em Xica da Silva (Manchete, 1996). Era o poderoso que se apaixona pela escrava e a torna rainha. Enfim, um verdadeiro príncipe encantado, com cavalo branco e tudo!
Naquele período, chegou a emendar quatro novelas seguidas na mesma Manchete – Tocaia Grande, de 1995; Xica; Mandacaru, 1997; e Brida, de 1998. E tornou-se um dos atores mais importantes.
De lá pra cá, muita água rolou. Victor fez alguns outros trabalhos, inclusive em Os Mutantes – Caminhos do Coração (Record, 2008), passou por uma fase de ostracismo e enfrentou dificuldades financeiras. Mas deu a volta por cima e retorna à televisão numa participação especial em Escrava Mãe, da Record.
Atualmente, aos 56 anos, Victor vive em São Paulo, chegou a abrir um bar no bairro de Guaianases, que foi sua fonte de renda nos últimos anos, mas o fechou.
Nesta entrevista exclusiva à TITITI, o consagrado artista revela por que ficou tanto tempo longe da telinha!
TITITI – Como pintou o convite para Escrava Mãe?
Victor Wagner – Até onde sei, foi por intermédio do departamento de elenco e da produção, com o aval do diretor Ivan Zettel.
Pode falar um pouco do seu persongem?
Faço um pirata patife que vive de armações chamado Barbudo. As gravações já acabaram e a novela deve ir ao ar em breve (a data ainda não foi definida). Meu personagem aparece do capítulo 40 ao 90.
Gosta de fazer novela de época?
Sim, claro, todo ator gosta do clima que se instala ao vivenciar um tempo no passado, com seus costumes, vestimentas, a história… É fascinante, como se você vivesse uma vida antiga. Marca muito a gente. Até hoje, sinto arrepios quando volto a certos lugares onde gravei.
Por que ficou tanto tempo afastado das tramas?
O único motivo de eu estar fora da televisão é que não chegou a minha vez ainda. Por mim estaria lá sempre, para o papel que fosse.
Não o chamaram para atuar mais em novelas por qual motivo?
Ser chamado ou não depende do interesse da empresa. Há muita gente querendo viver o que vivi. A fila tem que andar para satisfazer os sonhos…
O Geraldo Luís fez certa vez uma reportagem para o Balanço Geral, da Record, mostrando que você vendia coxinhas e era dono de um bar… Foi difícil?
Arrisquei o comércio por um tempo, a fim de ter uma renda paralela, mas não me adaptei. Faltou grana e os problemas foram tomando conta, sim.
Ainda o reconhecem na rua? O que falam?
As pessoas sempre reconhecem os artistas da TV. As participações e reprises refrescam a memória. Sempre me dizem que têm saudade e perguntam quando farei um novo trabalho.
Sente mágoa de alguém da televisão?
Impossível sentir mágoa, se só me deram alegria, conhecimento, experiência. Tudo é uma questão de tempo, momento. A vida é assim, sou grato pelo que tive, fiz o que fiz por que tinha os colegas que tinha, pois me fizeram existir neste mundo.
O que a fama lhe trouxe de bom e de ruim?
De bom ou de ruim é uma questão de maturidade e de entendimento das coisas que se valoriza no momento. A fama nos exalta e realiza um sonho, uma carência, uma vaidade.
Pensou em desistir da carreira de ator?
Não, nunca! Penso, sim, em me defender no mercado para sobreviver. A arte vai acontecendo paralelamente.
Está solteiro, casado?
Sou solteiro e as relações vão acontecendo.Tenho duas filhas, Bárbara, de 20 anos, e Thamyres de 5. Uns amores!
Você continua com ótimo visual… Faz exercícios?
Cuido do corpo e da saúde desde sempre. Malho seriamente, faço dieta e tenho o resultado esperado. Sim, mantenho o corpo definido, essa coisa de tanquinho… Aos 56 anos, isso chama atenção.
Falando de sexo… vale tudo na hora H?
Sim, vale tudo se adaptando à outra pessoa. Sexo é um mundo de descobertas e entrega, momento, intensidade, envolvimento, o que faz o tempo não ser percebido.
O que curte fazer nas horas de lazer?
Trabalhando ou não, estou sempre na academia. Gosto de fazer minha comida para ter controle do sal e outros temperos. Vejo e revejo filmes analisando interpretação, direção, movimentação de câmeras, adoro esse exercício. E só assisto a filmes falados e legendados em inglês. Às vezes, jogo uma partida de xadrez comigo mesmo, canto músicas do Elvis Presley, que é o meu Deus. E gosto de decorar um texto ou outro. Depois, bicicleta pra lá e pra cá, e passeio com minha cadela golden, a Clítia, que tem o nome de uma musa da mitologia.
Você esteve em cartaz com a peça de teatro E Por Falar em Sexo. Pretende retornar também aos palcos?
Ficamos até o final de outubro com a peça, que trata da diversidade sexual, com pitadas de sensualidade e romantismo. Interpreto um homossexual que se veste de mulher, um crossdressing, e também um cara que dança tango. A direção é de Marcelo Medeiros. Deveremos voltar neste ano em uma turnê!
