Mãe de Luiz, de 14 anos, ela conta o que fez para equilibrar sua vida profissional com a pessoal e a familiar: “A primeira coisa a fazer é se livrar da culpa!”
Aos 43 anos e mais de 30 de carreira, Malu Galli aproveitou
uma brecha nas gravações da novela Sete Vidas, de Lícia Manzo, na qual vive a
workholic Irene, para falar sobre um dos maiores dilemas femininos, que é
equilibrar a vida familiar, pessoal e profissional. Mãe de Luiz, de 14 anos, ela comentou ainda o
desamparo das mulheres que engravidam e não têm condições de ficar com seus
filhos, tema debatido por sua personagem na trama das 6. Confira!
Como você avalia a trajetória da Irene na trama de Sete Vidas?
É maravilhosa! Assim que li a sinopse, fiquei encantada,
porque ela passa por muita coisa e isso é ótimo para quem interpreta. Irene
começa como uma workholic, com crise no casamento, superdona da verdade a ponto
de dizer para a irmã o que ela tem que fazer na vida. Mas passa a perceber que
as coisas não são exatamente como ela pensa. E a descoberta de que não pode ser
mãe torna-se um divisor de águas. Até que ela conhece a Diana (Bianca
Comparato), se propõe a adotar seu filho e, mais uma vez, nada se desenvolve
como ela imaginava.
Essa questão da Diana, uma jovem grávida, sem condições de
criar o filho é muito importante…
É uma questão social que a Lícia está abordando com
sensibilidade e muito cuidado. Não é que a Diana não queira o filho, ela não
tem como ficar com ele. É muito complexo lidar com isso. Deve ser terrível para
alguém ficar com o filho de outra só porque essa pessoa não tem condições
financeiras! Essas mães são ignoradas no nosso país. Diana é uma menina
abandonada pelo Estado e temos muitas como ela na vida real.
Como foi pra você encontrar o meio termo entre a
carreira, a vida pessoal, a familiar…?
Esse é um drama de
todas as mulheres que trabalham. Não tem a ver com classe social, mas, de uma
maneira geral, faz parte da vida de todas as mulheres que trabalham e gostam do
que fazem. Eu vivo muito de fases. Tem época em que estou de um jeito, em outras
de outro, por conta da demanda do trabalho, da vida profissional. A mulher
carrega muita culpa, por conta da sociedade machista. A primeira coisa que a
gente tem que fazer é se livrar da culpa.
Você conseguiu?
Claro que não. Vou morrer culpada (risos). Mãe é sempre
culpada. Se a criança fica estragada, a culpa é da mãe. Se é filho homem e dá
problema com mulher, a culpa também é da mãe (risos). É assim, a gente morre
culpada.
Seu filho já está com 14 anos, o nascimento dele foi planejado?
Não planejei, foi meio de surpresa, mas foi super bem-vindo.
Na ocasião, eu estava no meio de uma temporada em São Paulo, mas consegui
conciliar. Trabalhei até os cinco meses de gravidez, porque, depois, a barriga
começou a ficar grande e não dava mais. Após ele nascer, fui voltando aos
poucos ao trabalho.
Uma das características do texto da Lícia é um tom natural.
É mais fácil atuar num texto sutil?
Não é mais fácil, porque os conflitos são mais sutis. Os
dramas estão muito mais relativizados e isso tudo é mais complexo, requer muita
sensibilidade para você ler a cena e pensar como vai fazer. Tem que ter
tranquilidade no set também, não tem alguém gritando ou morrendo. Não que isso
não seja bacana, mas são coisas diferentes. São cenas muito profundas, falando
de coisas tão barra pesadas… Parece que é leve, mas não tem nada de leve
(risos).
E sobra tempo pra
malhar?
Eu malho, corro, tem que correr… Depois de certa idade só
correndo mesmo. Não gosto de fazer regime, então, corro duas, três vezes por
semana no calçadão da praia.
